O Observatório Heliocare 2025, promovido pela Cantabria Labs, apresenta-se como o maior estudo de hábitos de proteção solar alguma vez realizado no sul da Europa. Com uma amostra representativa de 4 680 pessoas em Portugal, Espanha e Itália (sendo 1 502 em território português), o estudo traça um retrato preocupante, mas revelador, sobre as rotinas de exposição solar da população.
Um dos dados mais relevantes mostra que 45% das pessoas ainda associam o bronzeado a saúde ou beleza, mesmo que 52% reconheçam que é, na verdade, um sinal de lesão e envelhecimento cutâneo. Em Espanha, esta consciência melhorou ligeiramente face a 2017, mas o ideal de pele bronzeada continua fortemente enraizado na cultura do sul da Europa.
Embora 92% dos inquiridos admitam utilizar protetor solar, continuam a existir falhas na forma como o aplicam. A maioria não reaplica com a frequência adequada e muitos esquecem-se de zonas importantes do corpo, como orelhas, pescoço ou pés. A boa notícia é que há uma clara preferência por fotoprotetores com fator elevado.
O estudo mostra ainda que 84% das pessoas confiam nas recomendações de dermatologistas e farmacêuticos para escolher produtos de proteção solar, o que reforça o papel fundamental dos profissionais de saúde na literacia sobre fotoproteção.
Um dado particularmente alarmante é que 74% desconhecem a regra ABCDE, uma metodologia básica para identificar sinais suspeitos na pele (Assimetria, Bordos, Cor, Diâmetro e Evolução dos sinais ou nevos). Esta lacuna de conhecimento representa uma oportunidade urgente para ações de sensibilização em saúde pública.
Relativamente à vitamina D, 47% dos entrevistados em toda a amostra afirmaram tomar suplementos regularmente, o que revela preocupações com défices nutricionais que coexistem com a necessidade de proteger a pele da radiação UV.
O Observatório alerta ainda para o crescimento preocupante do melanoma, com um aumento de quase 50% da incidência na última década em Espanha, por exemplo, onde se registam cerca de 8 000 novos casos anuais.
Apesar dos progressos no conhecimento geral — 95% reconhece que a exposição solar inadequada pode causar cancro de pele —, os resultados evidenciam uma discrepância entre o que se sabe e o que se faz no dia a dia. O estudo reforça assim a necessidade de promoção de campanhas educativas contínuas e de hábitos consistentes de fotoproteção durante todo o ano, mesmo longe da praia.

Leia mais sobre o estudo no site da Máxima e também no jornal Público.
Foto de destaque : Freekpik